Veterinária

Micuim é filhote de carrapato capaz de transmitir doenças graves

Micuim é filhote de carrapato capaz de transmitir doenças graves

O micuim é o nome dado ao filhote do carrapato estrela que se hospeda, principalmente em cavalos e bovinos, mas também podem atacar animais domésticos e silvestres. Este ser minúsculo, pertencente à família dos trombidídeos, possui coloração amarelo e avermelhada e se manifesta no período da seca.

Este pequeno carrapato, aparentemente inofensivo, pode atacar os homens. O micuim, é portanto, capaz de transmitir bactéria que provoca doenças como a febre maculosa. No entanto, ao perceber sua presença, alguns cuidados precisam ser tomados a fim de evitar problemas maiores.

  1. O que é micuim?
  2. O que é febre maculosa?
  3. Tratamento da febre maculosa
  4. Como evitar a manifestação da febre maculosa?
  5. Onde são encontrados os carrapatos e o micuim?
  6. Coclo de vida do micuim
  7. Ovos de micuim
  8. A larva micuim
  9. Fase carrapatinho do micuim
  10. Carrapato estrela
  11. Peculiaridade do micuim
  12. Tempo de parasitismo do micuim
  13. Picada do micuim
  14. Como acabar com o micuim?
  15. Ação controlada do micuim
  16. Influência do clima sobre os micuins e carrapatos
  17. Repouso do micuim

Micuim

O que é micuim?

Micuim é o filhote de carrapato estrela, conhecido por ser o agente transmissor da febre maculosa e que pode ter diferentes animais como hospedeiros; incluindo equinos, bovinos, animais domésticos e até humanos.

O que é febre maculosa?

A febre maculosa é uma doença transmitida pelo micuim ou carrapato estrela pertencente a espécie Amblyomma cajennense. Contudo, apenas os micuins infectados pela bactéria denominada Rickettsia rickettsii são capazes de transmitir a enfermidade.

O micuim, ao picar animais infectados, acaba sendo contaminado com a doença. O filhote de carrapato estrela que provoca a febre maculosa é encontrado em capivaras, bois e cavalos (podendo também ser conhecido como carrapato do cavalo).

Para que a pessoa seja contaminada com a doença, é necessário que o micuim infectado fique “preso” por pelo menos quatro horas no corpo. A febre maculosa provoca diversos sintomas, dentre eles, febre alta, calafrios, dor de cabeça intensa, náuseas, vômitos, diarreia.

Tratamento da febre maculosa

A fim de obter o diagnóstico da doença, procure um profissional de saúde que indicará o tratamento adequado. Geralmente, para tratar a febre maculosa, o médico receita antibióticos que devem ser ministrados entre 2 e 3 dias após o contágio. Isso para evitar que as lesões sejam irreversíveis ou mesmo o óbito da pessoa contaminada.

Para prevenir o ataque dos micuins, recomenda-se evitar áreas contaminadas. Mas existem casos em que é preciso  entrar naquele local. Um bom exemplo são nas fazendas onde é preciso tratar os animais. Portanto, alguns cuidados devem ser tomados ao adentrar esses locais.

Como evitar a manifestação da febre maculosa?

Usar roupas claras, catar carrapatos e não esmagá-los entre as unhas são alguns dos cuidados que evitam a febre maculosa. Abordaremos sobre estes e outros passos a seguir.

  1. Ao usar roupas claras, fica mais fácil ver o micuim. Além delas, use também botas, calças e camisas de manga comprida, quando for em locais infectados. Outra dica é colocar a calça dentro da bota.
  2. Leve consigo um esparadrapo (ou uma fita crepe) para que não precise catar o carrapato com a mão. Além disso, caminhe apenas nos locais abertos, onde não existem esconderijos fáceis para os micuins;
  3. Assim que voltar da área infectada, cate os carrapatinhos e coloque-os em água fervente, isso irá matá-lo e evitar sua proliferação. Ao catá-lo, jamais esmague entre as unhas pois pode acabar liberando a bactéria;
  4. Se encontrar um micuim preso ao seu corpo, fique atento ao seu corpo e caso perceba sintomas diferentes, procure ajuda médica;
  5. Por fim, para evitar a manifestação do micuim e de outros carrapatos, use carrapaticida adequado para que seus animais fiquem livres deles. E claro, limpe cuidadosamente a área onde eles ficam.

O micuim, apesar de ser um filhote de carrapato, é capaz de provocar sérios danos a animais e humanos. Para tanto, é preciso estar atento a sua presença e ter o máximo de atenção e cuidado ao lidar com o parasita.

Micuim

Onde são encontrados os carrapatos e o micuim?

Os carrapatos estão por todo o mundo. São mais de 900 espécies conhecidas pela comunidade científica. O número de carrapatos encontrados no Brasil é bem menor. Mas a quantidade ainda assusta.

Existem cerca de 50 espécies de carrapatos no território nacional. O filhote do carrapato estrela é o que mais ataca os seres humanos. Na verdade, essa espécie de carrapato é típica da América do Sul.

O micuim está distribuído desde as regiões úmidas do norte da Argentina, Bolívia e Paraguai até o Nordeste brasileiro. No Brasil, pode ser encontrado nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.

Sem dúvidas, independente da espécie, o carrapato pode ser visto como uma praga, em vista dos prejuízos que traz. Não é à toa que, quando o carrapato estrela está presente no campo, desperta preocupação. Isso tanto para saúde animal quanto para a saúde pública. Como já falado aqui, o micuim é o principal vetor da febre maculosa.

Dados do Ministério da Saúde indicam o alto número de mortes da doença provocada pela bactéria Rickettsia rickettsii. Em cinco anos, foram 653 casos de febre maculosa em todo o Brasil. Desse total, 226 pessoas morreram. Ou seja, a febre maculosa foi fatal em mais de 30% dos casos. Os números são da pesquisa mais recente sobre a doença, feita entre 2010 a 2015.

Vale destacar que a bactéria é transmitida através da picada do carrapato estrela em qualquer uma das fases de vida do carrapato.

Ciclo de vida do micuim

É importante esclarecer que o micuim é a fase larval do bicho, que acontece logo após a eclosão dos ovos. Já para as ninfas, a denominação pode ser carrapatinho (como veremos mais adiante). Quando estão no estágio adulto, nos referimos a eles como carrapato estrela, mas também são conhecidos no popular como carrapato do cavalo.

Essa fama não é por acaso, porque, de fato, o micuim em cavalo é bastante comum. Além dos equinos, essa espécie gosta de se hospedar para realizar o parasitismo no corpo de capivaras, antas, bovinos e seres humanos.

O ciclo biológico dos carrapatos pode ocorrer no mesmo hospedeiro ou em até três organismos diferentes. Ao todo, são quatro estágios: ovo, larva, ninfa e adulto.

Após a eclosão dos ovos, a transição de uma fase para a seguinte requer uma boa “refeição de sangue”, tanto para as fêmeas quanto para os machos. Além disso, as fêmeas adultas precisam estar bem nutridas para maturar os ovos.

Em geral, os carrapatos não são muito seletos sobre o organismo a parasitar e podem escolher diferentes espécies de mamíferos. As “vítimas” vão desde cães a bois. As mesmas espécies que se alimentam de grandes mamíferos também podem parasitar pássaros quando estão no estágio de larva e ninfa.

Micuim

Ovos de micuim

O habitat preferido dos carrapatos são os locais ricos em vegetação rasteira e arbustiva. Os carrapatos só dependem da presença de hospedeiros no ambiente para parasitar. Por isso, os lugares que mais gostam são estábulos, abrigos de animais e pastagens.

O ciclo de vida começa quando a fêmea, completamente alimentada do sangue do hospedeiro, desprende-se do animal e cai no solo. Isso não acontece exatamente quando o bicho está “satisfeito” da refeição. A queda ao solo ocorre, em geral, nos horários mais frescos do dia. Ou seja, logo no início da manhã ou entre o final da tarde e início da noite.

Ao cair, o carrapato estrela busca um local entre a vegetação e o solo para se proteger. Ali, a fêmea fica até morrer. Mas, antes, ela faz o processo conhecido como postura, isto é, deposita os ovos. Isso dará início a um novo estágio do ciclo de vida desse carrapato. Só para ilustrar, cada fêmea coloca de cinco a 10 mil ovos.

A larva micuim

Nesta etapa, os ovos eclodem as larvas. Após atingir a maturação, o micuim sobe no capim ou nas folhas de plantas baixas e cria algumas aglomerações. Essa prática é denominada pelos cientistas como “bolinhos de larva”.

Os carrapatos não saltam ou voam nos hospedeiros de que se alimentam. O objetivo do bolinho de larva é agarrar a algum potencial hospedeiro que está de passagem. Dessa forma, o micuim consegue entrar em contato com o animal para se fixar e se alimentar do sangue dele.

Depois de satisfeitas, a larvas se soltam do animal e retornam ao solo à procura de um lugar seguro para realizar a ecdise. Em zoologia, ecdise ou muda são os nomes dados ao processo de mudança do exoesqueleto de alguns animais, como é o caso dos carrapatos.

Fase carrapatinho do micuim

Depois da primeira muda, surgem as ninfas. Assim como as larvas, elas sobem nas folhas do capim e plantas à espera de algum hospedeiro. Esse hábito também é chamado de espreita ou tocaia, aspecto trivial de carrapatos dessa espécie.

No entanto, ao contrário das larvas, as ninfas (ou carrapatinho) são ainda capazes de fazer a busca ativa por hospedeiros. Isso deve-se ao fato de possuírem mobilidade para percorrer curtas distâncias.

Quando encontram a vítima, as ninfas se fixam e realizam o mesmo processo feito pelo micuim. Então, o bicho se alimenta do sangue do animal e se desprende no momento em que está saciado. Já no solo, as ninfas fazem a segunda ecdise e ascendem à fase adulta. É quando se torna o famoso carrapato estrela.

Carrapato estrela

Das ninfas surgem as formas sexuadas, ou seja, quando estão preparados para reprodução. Tal como as larvas e ninfas, os adultos mantêm a tática de subir nas folhas à espreita de uma vítima. No entanto, ao detectar a presença de um animal, também podem caminhar sobre o solo e realizar a busca ativa pelo hospedeiro. Nesta fase, o carrapato tem mais mobilidade que as ninfas.

Ao encontrar o hospedeiro, machos e fêmeas se prendem ao corpo do animal para se alimentar, e também para realizar o acasalamento. Logo após a refeição completa da fêmea, ela se solta do hospedeiro e cai sobre o solo. Isso dá início a um novo ciclo biológico do carrapato estrela.

Enquanto isso, o macho fica no corpo do hospedeiro por um período mais longo à espera de outras fêmeas, que vão repetir o mesmo procedimento.

Micuim

Peculiaridade do micuim

Os carrapatos utilizam um sistema que auxilia a localizar o animal quando realizam a busca ativa. Nas pontas do primeiro par de pernas, eles possuem uma estrutura chamada de Órgão de Haller. Isto é, um conjunto de receptores químicos e sensores de calor que ajudam a detectar os possíveis hospedeiros.

O carrapatos dependem desse órgão porque ele combina várias funções. São alguns exemplos: olfato, capacidade de sentir a umidade, temperatura e presença de dióxido de carbono.

Tempo de parasitismo do micuim

Como sabemos, parasita é a forma que diversos organismos sobrevivem através de um hospedeiro. No caso do carrapato estrela, a alimentação de sangue é a forma de parasitismo desse bicho. Isso porque é realizada quando o carrapato fica ligado ao hospedeiro.

O detalhe é que o carrapato estrela pode parasitar em um único animal hospedeiro por horas, dias ou até semanas.

Picada do micuim

Em geral, a picada é indolor porque os carrapatos aplicam na vítima uma certa quantia de saliva que contém princípios anestésicos.

Apesar de não doer durante a picada, a ação do carrapato estrela no corpo humano pode causar outras lesões. Quem já passou por essa experiência diz que é uma coceira infernal. Se coçar muito, vira até uma ferida.

Por isso que esse alerta também vale para os animais. Além do incômodo causado, a picada pode deixar um ferimento aberto na pele. Esse machucado ainda pode provocar bicheiras.

Como acabar com o micuim?

Em qualquer que seja sua fase de vida, o carrapato só apresenta desvantagens tanto para o bem-estar animal, como para a vida humana. Mas, como acabar com o micuim e evitar os temores causados pelo filhote de carrapato estrela?

Como já falamos, os carrapatos gostam de ficar nas casas de animais. É bom saber que 95% dos carrapatos encontram-se nesse ambiente. Portanto, uma medida bastante eficaz no combate aos carrapatos é a limpeza de canis, baias e currais com “vassoura-de-fogo” ou “lança-chamas”.

Mas essa não é a única postura que você pode tomar. Considerando como o parasita age, o melhor a fazer é ouso de carrapaticidas. Esse produto também é conhecido como remédio para micuim.

O controle estratégico com banhos de carrapaticidas no rebanho deve ser feito a cada sete a dez dias. Esse período equivale à presença de micuim e ninfas.

Os animais devem retornar à pastagem de origem entre o período de pausa de cada banho. A tática consiste em usar os animais para atrair carrapatos, que logo após serão eliminados nos próximos banhos. A armadilha funciona para que o número de parasitas na pastagem seja reduzida.

Micuim

Ação controlada do micuim

Em suma, para minimizar potencialmente a infestação, é possível fazer o uso de programas de controle estratégico adequado aos carrapatos. Além disso, os gastos com a aplicação de carrapaticidas serão bem menores se a técnica explicada anteriormente for empregada periodicamente.

Como resultado, a ação controlada do carrapaticida ameniza os riscos de contaminação ambiental. Outra questão relevante é a moderação de intoxicação dos trabalhadores que manipulam esses produtos químicos nos animais.

Durante o banho carrapaticida, toda a extensão corporal do animal deve ser banhada com o produto escolhido ou indicado. Em média, são usados entre quatro e cinco litros do conteúdo para cada animal adulto, no caso de cavalos, por exemplo. Do mesmo modo, é importante certificar que todas as áreas do corpo do animal foram lavadas.

Influência do clima sobre o os micuins e carrapatos

A atividade dos carrapatos está ligada aos valores de temperatura e umidade. Embora haja algumas exceções, em geral, concentra-se nos períodos mais quentes. Na verdade, em invernos rigorosos como no sul do Brasil, eles tendem a se proteger do frio se abrigam sob as pedras ou se enterrando profundamente.

Os carrapatos voltam a ser ativos ao passo que as temperaturas sobem. No entanto, as mudanças climáticas em curso podem fazer com que o período de atividade do carrapato varie de acordo com as situações locais.

É interessante ressaltar ainda que condições climáticas específicas influenciam cada um dos estágios do ciclo de vida do carrapato estrela. Isso quer dizer que cada fase do carrapato apresenta maior incidência em uma época específica do ano.

Dessa forma, conhecer a particularidade de cada etapa é essencial para fazer o controle estratégico do parasita.

  • Adultos: são caracterizados por terem maior ocorrência nos meses mais quentes e úmidos, de outubro a março;
  • Larvas, ou micuim: ocorrem no período seco do ano, de abril a setembro, com pico predominante de abril a julho;
  • Ninfas, ou carrapatinhos: de junho a outubro.

Entretanto, o carrapato estrela na fase adulta pode ocorrer durante todo o ano. Porém apresenta pico de infestação nos meses referentes à primavera e verão. Já os estágios imaturos predominam nas estações outono e inverno.

Repouso do micuim

O fator clima também influencia diretamente na fase do micuim. Durante o ano, as larvas repousam entre 9 e 11 semanas no solo. Nesse período com clima mais úmido não há comportamento de busca por hospedeiros e, consequentemente, sem alimentação dos carrapatos.

Isso começa a mudar com a chegada da seca, que favorece o micuim na ação de procura por hospedeiros. As larvas eclodem nos períodos entre a primavera e verão. É quando elas ficam em repouso em “bolinhos” nas plantas ou caminham sobre o solo.  A partir do outono, o cenário muda novamente. Dessa maneira, a estação é caracterizada como a maior em ocorrência de larvas porque o já está em grande atividade.

ACESSO RÁPIDO
    Mayk Alves
    Fundador do Portal Vida no Campo e Agro20, Mayk é neto de Lavradores. Desde cedo esteve envolvido com as atividades do campo e, em 2014, uniu sua paixão pela comunicação com o tradicionalismo do campo. Tem como missão levar informações sobre o agronegócio de forma dinâmica, interativa e sem filtros.

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