Meio Ambiente

Angico é família de árvores conhecida por suas aplicações medicinais

Angico é família de árvores conhecida por suas aplicações medicinais

Diversas árvores podem ser chamadas de angico, elas possuem beleza ornamental e funcionalidade na construção civil. A árvore é muito conhecida por suas propriedades na medicina popular. Ela pode ser consumida através de chás, xaropes e gomas.

Além de sua beleza, o angico também é utilizado na construção civil e naval. Sua madeira é bastante versátil, assim como o restante da planta.

  1. O que é angico?
  2. Tipos de angico
  3. Para que serve o angico?
  4. Como fazer chá de angico?
  5. Angico medicinal
  6. Como usar o angico de forma medicinal?
  7. Óleo de angico
  8. Angico preto
  9. Angico rajado
  10. O angico e os indígenas
  11. Madeira angico
  12. Para que serve a madeira angico?
  13. Angico na economia
  14. Utilidades do angico

Angico

O que é angico?

Angico, na verdade, é o nome comum para um tipo de planta que contempla diversos tipos de árvores. Assim, angico são as espécies que fazem parte da família das Mimosoideae. As plantas são nativas da América, portanto, muitas espécies também são consideradas brasileiras.

A árvore é explorada devido à qualidade de sua madeira. Contudo, muitas pessoas a conhecem em razão das propriedades medicinais do angico. O seu fruto possui uma casca de gosto amargo e é utilizado no combate de algumas doenças, como agindo assim como gonorreia.

Tipos de angico

Diversas plantas fazem parte desta listagem e, assim, cada uma delas pode apresentar diferentes benefícios para a saúde. Os principais tipos de angico, são:

  • Angico branco: é uma árvore que oferece madeira para a construção civil, assim como lenha e carvão. A casca é utilizada na medicina popular.
  • Angico do cerrado: é conhecido ainda como arapiraca ou pau-de-boaz. É nativa da região do cerrado e utilizado principalmente de forma ornamental.
  • Angico vermelho: também chamado de curapaí, sua madeira também é utilizada na construção civil, assim como na naval. Sua casca é utilizada na produção de couros, através do tratamento das peles. Pode ser utilizada de forma ornamental, assim como de maneira medicinal.

Para que serve o angico?

Os produtos extraídos da planta têm capacidade para agir de diferentes maneiras no corpo. Assim, para fins medicinais, são extraídas as propriedades da planta e seus princípios ativos.

As partes mais utilizadas da árvore são a casca e a goma. Ambas, então, podem ser utilizadas através de chás, infusões, na produção de xaropes ou ainda óleo de angico.

A substância, portanto, pode auxiliar no tratamento de alguns problemas, como:

  1. Tosse: pode ser tratada através da goma da planta, assim como gripes e outros problemas respiratórios
  2. Doenças sexuais: é tratada com o auxílio de banhos de assento
  3. Problemas no útero
  4. Batidas e contusões
  5. Reumatismo: tratado com a tintura, produzida com a casca da planta
  6. Diarreia: geralmente é tratada com o xarope

Como fazer o chá de angico?

O preparo do chá é bastante simples, basta possuir os ingredientes e ter água quente à disposição. Saiba, então, como preparar a bebida.

Os ingredientes necessários são casca, água, açúcar ou mel. Assim, para produzir o chá é necessário ferver a água junto com as cascas. O processo de fervura leva em torno de cinco minutos.

Após, é preciso retirar a bebida do fogo e aguardar alguns minutos, com o recipiente abafado. O último passo, então, é coar a mistura e adoçar (com mel ou açúcar). O chá está pronto para ser consumido.

Angico

Angico medicinal

Conforme mencionado anteriormente, o angico medicinal pode ser utilizado para diversas finalidades. Nesse sentido, os princípios ativos são extraídos diretamente da casca ou então da resina dessas árvores.

Para que essa extração seja feita, utilizam-se métodos como o preparo de infusões, xaropes, maceração ou tinturas. Esses princípios ativos presentes no angico são os taninos, alcaloides e mucilagens.

Tais princípios possuem ação adstringente, hemostática, cicatrizante, depurativa e emulsificante peitoral. Por conta disso, é possível utilizá-lo para tratamentos no fígado, coqueluche, além dos casos mencionados antes.

Os tipos de angico mais utilizados na medicina popular são o vermelho, o branco e o do cerrado, sendo todos eles empregados de maneira empírica. Além disso, essa árvore é empregada em rituais de tribos indígenas, por conta do alcaloide psicoativo presente.

Esse alcaloide é a bufotenina, que também pode ser encontrada na pele de determinados sapos, os chamados Bufo. Porém, se tratando do uso medicinal, a casca de angico pode ser destinada para tratar diarreias e anginas, isso com a elaboração de xaropes com a casca.

Já o chá de angico, também feito com a casca, pode ser empregado nos tratamentos de gripes e resfriados, eliminando o catarro e agindo como expectorante. Da mesma forma, esse chá pode tratar a faringite e demais inflamações respiratórias, inclusive debilidades orgânicas e raquitismo.

Ainda assim, o chá feito a partir da casca de angico pode ser utilizado para banhos de assento, a fim de tratar a gonorreia e a leucorreia. Já a goma dissolvida – resina de angico – pode ser usada para tratamento de doenças respiratórias como tosse, bronquite e asma.

Como usar o angico de forma medicinal?

Sabendo de todas as propriedades do angico para uso na medicina natural, é importante conhecer as dosagens e métodos para cada tipo de finalidade. Portanto, vale acompanhar a seguir as indicações para o uso terapêutico da casca, goma e tintura dessa planta curadora.

A tintura extraída da casca é ideal para tratar reumatismos, geralmente diluindo 20 ml de tintura para 500 ml de água. Desse modo, a dosagem da casca ou goma para tratamentos é de 5 gramas (em água fervente), até duas vezes por dia, em intervalo médio de 12 horas.

Geralmente, para a elaboração de banhos de assento, gargarejos e até lavagens internas, utiliza-se 50 gramas de sua casca fresca para cada 11 litros de água. Entretanto, vale lembrar que essas aplicações descritas acima são para uso adulto.

Os tratamentos a base da planta angico não são indicados para crianças com idade inferior a 6 anos, visto que pode causar efeitos indesejados. Assim sendo, grávidas, lactantes e idosos também não devem consumir essa planta medicinalmente.

Pessoas com diarreia crônica também devem evitar o consumo de angico. Da mesma forma, a superdosagem é desaconselhada, já que pode causar feridas e demais problemas. Nesses casos, é necessário acompanhamento médico, com lavagem gastrointestinal e demais monitoramentos.

Por isso, é importante respeitar as dosagens indicadas e evitar que as cascas fiquem sob infusão mais do que o tempo necessário. Desse modo, evita-se que uma superdosagem possa ser absorvida pelo organismo, bem como são garantidos os efeitos desejados.

As sementes e as folhas do angico possuem ação alucinógena e seu consumo deve ser evitado. Em suma, é possível entender facilmente a sua importância devido à sua utilização medicinal, na construção civil, naval e produção moveleira, sem contar os acessórios.

Angico

Óleo de angico

Sabendo que o óleo de angico pode ser utilizado para esses tratamentos medicinais naturais, é válido entender como produzir esse óleo em casa. Porém, vale lembrar que essa planta não é uma erva aromática e não possui um óleo essencial.

Por isso, é necessário produzir o óleo de angico através da maceração e extração dos princípios ativos em azeite. Para que esse processo seja realizado corretamente, basta adquirir um bom punhado de cascas de angico – quanto mais despedaçadas, melhor.

Em um recipiente de vidro fechado com tampa, basta colocar a casca (pedaços) nesse vidro e, então, adicionar um óleo de origem vegetal, podendo ser um azeite de girassol, amêndoa, oliva, coco, ou até mesmo de soja.

Desse modo, basta tampar bem esse vidro e deixá-lo ao sol por um período de 5 até 10 dias. Com isso, as cascas vão soltar os princípios ativos nesse óleo, tornando possível a utilização para diversos tipos de tratamentos.

A principal indicação é para uso externo, a fim de tratar dores musculares ou reumatismos, além da utilização com compressas quentes para ação expectorante sobre o peito. Porém, existem algumas indicações de uso interno, sem comprovações ou estudos relacionados.

Vale lembrar também que a árvore angico é uma planta muito bem vista na medicina popular, mas não possui muitos estudos científicos sobre sua aplicação e efeitos. Portanto, é válido observar as reações do corpo sempre que usar essa planta, evitando-a em qualquer sinal de mal-estar.

Além disso, o uso do óleo de angico para fazer compressas quentes deve ser empregado sempre à noite, removendo logo pela manhã, lavando a região tratada com água e sabão. Isso evitará a fotossensibilização, fazendo com que a pele fique sensível aos raios solares.

Angico preto

O angico preto é um dos tipos dessa árvore que não é tão comum, mas certamente é um dos mais resistentes. Ou seja, a utilização dessa madeira para construções externas é garantia de resistência a condições climáticas variadas.

Esse tipo, quando recém cortado, possui uma coloração castanho amarelado, que conforme vai secando se altera. Nesse sentido, sua cor passa de um castanho avermelhado para um vermelho queimado, à beira de atingir um tom marrom.

O angico preto também é conhecido por guarapiraca. Desse modo, a característica mais marcante dessa madeira é a alta resistência ao apodrecimento, pragas, vários tipos de cupins e até mesmo umidade. A possibilidade de fazer um belo acabamento é também um fator de grande importância.

Porém, pela sua dureza extrema é comum que ela acabe trincando e rachando, sendo esse um dos pontos negativos. Trabalhar com essa madeira também pode exigir um certo cuidado, visto que ela solta farpas facilmente, podendo causar lesões na pele durante o manuseio.

Isso faz com que os processos de serragem e aplainamento sejam difíceis de executar, exigindo paciência e habilidade. Da mesma forma, a alta resistência faz com que o lixamento seja cansativo e difícil, apesar do bom acabamento resultante.

Por conta disso, a utilização do angico preto para torneamentos é ideal, sendo possível elaborar diversas peças como vasilhas e utensílios para cozinha. Trata-se de uma madeira bem pesada, compacta e de visual muito bonito.

Seus nuances entre o marrom claro e os veios escuros possibilitam uma textura muito bela, para acabamentos finos e com alta resistência. Assim, é ideal para construções externas, vigas, postes e outros usos que exijam força, resistência e beleza.

Sabendo da variedade dessa árvore, beleza e benefícios medicinais, existem estabelecimentos que utilizam o nome, como o restaurante Angico Rubinéia, no estado de São Paulo.

Angico

Angico rajado

Um outro tipo de angico que também é menos popular é o angico rajado. Esse tipo de árvore pode atingir o tamanho de 25 metros. Desse modo, a principal utilização dessa planta é na indústria madeireira.

Isso porque o tipo rajado apresenta madeira altamente resistente, além de ser visualmente bela. Por isso, é utilizado para produzir móveis, peças especiais e artesanatos, sendo que a produção de móveis artesanais é uma das maiores aplicações.

Além disso, outra coisa que chama a atenção no angico rajado é justamente o seu aspecto ornamental. Essa árvore apresenta tronco rústico constituído de cascas espessas e cheias de variações na superfície.

Dessa forma, observar o tronco dessa árvore é como contemplar uma obra de arte da natureza, visto que as cortiças bastante salientes dão destaque para seu visual. O angico rajado é um tipo de árvore que possui crescimento lento e peculiar.

É uma árvore não muito comum, pois possui dispersão alternada, além de ser detentora de baixa densidade populacional. O tipo rajado ocorre principalmente na região da Mata Atlântica e do Cerrado, sendo dificilmente encontrada fora desses locais.

Nesse sentido, o angico rajado pode ser encontrado nos estados da Bahia, Pará, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Sua principal característica é o tronco suberoso e diferenciado.

Uma das curiosidades sobre essa árvore é que ela produz uma espécie de néctar que as formigas utilizam para alimentação. Dessa forma, as formigas geram um cuidado mútuo, já que os insetos protegem a planta contra herbívoros.

O angico e os indígenas

A saber, o angico possui propriedades psicoativas exploradas por diversas tribos indígenas para a execução de rituais religiosos. Desse modo, uma das plantas mais empregadas para alcançar esses estados alterados de consciência é o angico vermelho.

Estão documentados alguns usos do angico para essa finalidade e isso equivale a, pelo menos, 55 tribos indígenas. Nesse sentido, elabora-se uma espécie de pó através da moagem das sementes, sendo esse pó chamado de cohoba.

O cohoba é usado por tribos brasileiras, chilenas, colombianas, peruanas, haitianas, dominicanas e porto-riquenhas. Dessa forma, os indígenas utilizam uma espécie de cano, denominado tubo longo, para soprar esse pó no nariz de outro índio.

O pó elaborado com as sementes da árvore costuma causar efeitos alucinógenos, além das reações físicas como tonturas, vômitos e dores de cabeça. Porém, a ação psicodélica intensa dura cerca de 15 minutos, podendo variar, de modo mais sutil, entre 30 e 45 minutos.

Os indígenas possuem formas próprias para realizar o preparo do cohoba, além de que as cerimônias são conduzidas por um xamã, que costuma soprar as dosagens desse pó no nariz dos participantes do culto religioso.

A bufotenina existente nos angicos é a substância psicoativa que está concentrada nas suas sementes e folhas. Conforme falado anteriormente, essa mesma substância pode ser encontrada na pele de alguns sapos.

Angico

Madeira angico

De um modo geral, a madeira de todos os tipos de angico é considerada própria para uso na construção civil, naval e na indústria madeireira. Por isso, compreender o potencial dessa madeira é muito importante, principalmente pelo seu poder no mercado.

Para que serve a madeira angico?

Assim sendo, a utilização do angico na indústria madeireira é vasta, podendo ser empregado na produção de portas, janelas, mesas, cadeiras, vigas e outros acessórios. Isso porque a sua alta resistência e beleza são fatores determinantes no seu uso.

Da mesma forma, a sua utilização para a elaboração de móveis e peças artesanais possui um grande potencial, já que essa madeira é quase indestrutível, além da boa possibilidade de trabalhá-la em torno e outros tipos de usinagem.

Isso abre um campo de possibilidades para os produtores artesanais de móveis e utensílios para cozinha, como vasilhas, colheres de pau, tábuas de corte, entre outros. Ou seja, as aplicações da madeira do angico ultrapassam o uso na indústria.

Isso sem contar que a alta resistência e beleza da madeira do angico são fatores determinantes para que seja empregada na construção civil e naval. A alta resistência à umidade é uma das características mais marcantes, valorizando muito o seu uso.

Angico na economia

Conforme foi possível perceber ao longo do artigo, o potencial econômico do angico é algo incomensurável, visto que ainda faltam estudos sobre seus efeitos medicinais. Levando isso em consideração, é fácil perceber as vastas possibilidades.

Utilidades do angico

Ademais, a utilização da madeira na produção e construção é, sem dúvida, um fator de suma importância. Isso porque este é um tipo de madeira altamente resistente à umidade, ao tempo e ao apodrecimento.

A madeira do angico é amplamente empregada na geração de energia, sendo utilizada para a produção de carvão ou então moirões para propriedades. Nesse sentido, vale também mencionar o potencial do tipo vermelho na produção moveleira.

A resistência e a coloração avermelhada são fatores que tornam o angico vermelho um material bastante interessante para produzir móveis. Esse tipo de produção é, sem dúvida, um fator que gera uma movimentação econômica bastante positiva.

Em outras palavras, a altíssima qualidade da madeira do angico é responsável pelo grande interesse e busca pela indústria moveleira. A boa aceitação e absorção do verniz e a possibilidade de realizar um acabamento fino também são fatores que fazem toda a diferença no uso dessa madeira.

ACESSO RÁPIDO
    Joana Gall
    Joana Gall é técnica em agropecuária pelo Instituto Federal Catarinense e atua na pesquisa sobre as mulheres rurais de Camboriú, em Santa Catarina.

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